quinta-feira, 14 de agosto de 2008
"E quando você vai mudar?"
Eu queria mudar, ainda criança. É um pensamento que nunca esqueço. Meu pedido foi atendido um dia e eu fui morar em uma outra casa. Um lugar especial, guardado na memória e de onde nunca quis sair. Então, eu mudei. Deixei para trás o que de bom dentro de mim me prendia ali. Esqueci quem eu era para pensar no que eu iria ser. Eu ia ser o novo garoto do bairro. Tudo ia começar do zero. Era o que eu pensava, mas não foi o que aconteceu... Meu passado veio à mim, e eu não quis fugir dele. Ele bateu na minha porta e eu abri. Então, eu percebi que ainda estava igual. O que era ótimo, por que eu era muito feliz... Mas, foi aí que mudei novamente. Tornei-me, de novo, o novo garoto do bairro. E continuei mudando... Estranhamente, eu só sabia me sentir igual. E isso me aborrecia. Eu mudava para não mudar. Não havia sentido nessa estória para mim. E não parou, por que eu mudei de novo. Muitas vezes depois... E foi quando me questionei que percebi isso. Eu estava mudando, e não era mais o mesmo. Então, me dei conta que toda a mudança estava ocorrendo enquanto eu me fazia perguntas. Eu tentava dar cabo de entender tudo que mudava e deixava passar o que tinha mudado. Meus amigos, minha casa, meus pais, minhas escolas, as mulheres que amei. Minha vida. Tudo tinha mudado e eu ainda tentava entender. Fui um sádico espectador de minha própria vida durante um tempo. Apesar de continuar mudando, eu tinha que chegar a algum lugar. E aconteceu no dia em que parei de tentar encontrar um significado para toda mudança que acontecia. Foi quando olhei de dentro de minha própria janela, não mais do lado de fora, que finalmente me senti em casa! Mudando aprendi muitas coisas. E uma delas era a de que mudar é uma certeza na vida que se mantém igual para todos. Ninguém se mantém igual até os créditos passarem na tela. Você é todas as suas mudanças, quer goste delas ou não, quer fique ciente ou as desconheça. Eu me sentia o mesmo saindo do lugar. E mudava pensando estar igual. Agora, eu percebo tudo que muda em minha vida. Não me importo de mudar, apesar de gostar muito desse lugar. Eu apenas acompanho a vida exercer seu dever sobre mim e as pessoas. Não tento mais mudar ninguém. Mesmo quando ouço que as pessoas querem mudar, "mas"... Eu apenas me mudo. E levo a minha bagagem. Eu mudo sempre ao estar com uma mulher que gosto. Meus amigos também mudam por causa delas. Ou será que elas mudaram eles? Dinheiro muda tudo! Mas não muda quem você é... Mudar de opinião para não continuar perdendo. Não deixar o tempo tirar de você a chance de melhorar sua vida. Por que o tempo passa mais rápido do que se aprende com os erros. Procurar mudar sobre idéias sempre que possível escutando o próprio pensamento. As idéias se apóiam no que de bom e ruim aconteceu no passado, mas só o pensamento mais estranho, mais angustiante, te convoca a pensar em algo novo, e, às vezes, resolve antigos problemas! E mesmo que suas idéias não mudem, as pessoas mudarão sempre sobre você - ora para melhor, ora para pior -, por que o mundo não é mais o mesmo de um minuto atrás. Por que a vida continua mudando. Igual ao meu pensamento, ainda criança.
quarta-feira, 16 de julho de 2008
As Time Goes By
Tudo está perdendo o brilho do sol na cidade quente do axé. Os prédios e ruas perderam a cor. Não há azul no céu, o verde das árvores é pálido e o amarelo sol de cerrar os olhos não quer saber da gente. Tudo agora tem um único tom: cinza negro. Eu saio andando e sinto ares de uma cidade inóspita e abandonada. As pessoas nas ruas não são pessoas, são estátuas. Imóveis e de expressão fechada. O tempo frio veio e mudou os hábitos. O inverno parece ter despertado intimamente o lado obscuro, mais solitário das pessoas, uma necessidade individual de estar só. Quem teve a sorte de encontrar um par a quem muito ame, sorri, nessa hora, com a chance de aquecer os pés numa coberta. O outro, amado, se torna o mesmo que eu. Passa a não ser apenas uma companhia. Mas, insiste numa comida e num filme diferente... Não parece que o tempo está propício a arriscar conhecer alguém, nem, tampouco, procurar fazer escolhas nessa área. Os melancólicos sempre sairão à noite oferecendo a chance de mudar a sua vida. Se você, porém, duvida, como eu, é por que tem pouca fé nas pessoas. E também por que não desperdiça suas investidas. Logo, procura descobrir o prazer de contemplar você mesmo, suas próprias idéias e as merdas que você vêm fazendo parecer certas. Estar sozinho não é estar fodido. Essa é uma maldita idéia comercial de quem quer vender em cima de sua solidão. Quem se sente sozinho quando está só, é por que não está em boa companhia. E o remédio para esse problema pode ser pedir que um bourbon venha à socorro. Nada como ter a chance de vomitar no seu tapete e testar sua qualidade! Pense em vinho se estiver com a mulher certa. Está é uma combinação sagrada, não cabe a você profanar certas tradições. O cinza vai sumir em algum momento, mas o inverno ainda vai continuar. Por um tempo...
terça-feira, 8 de julho de 2008
Miséria pouca é bobagem...
Pessoas. Pessoas inteligentes falam sobre idéias, pessoas comum falam sobre coisas, pessoas medíocres falam sobre pessoas. Eu vou falar sobre pessoas. Primeiro, por que, bem... Existe isso em mim. Mediocridade. Menos do que existe em quase todo mundo, eu penso ser verdade... Não há dúvida para mim é de que não há muita escolha. São, simplesmente, dois lados. Toda essa correria de pessoas tentando conseguir cumprir as promessas e os sonhos feitos na infância, ou estas que vivem na mesmice noturna e mantém uma resignação para o que não tem muita solução. Neste último caso, provoca um desconforto só de olhar o falso bem-estar dos outros. Achamos que os tolos são eles, mas o conformismo está é na gente. É a nossa parte de mediocridade! Não dá para mudar as regras. Odeie o jogador, não culpe o jogo! Eis aqui a questão que não vai calar: quem é que vale o meu esforço? Essa pergunta não te passou pela cabeça ao menos uma vez quando você saiu? Na minha passou umas mil. Não passa mais... Agora eu só constato o problema nos outros. De quem ainda se arrisca, procurando no esforço de um estranho, que mostra para você o que acha que quer ver, uma sombra de novidade. Não acontece... Por que a ordem da vida é piorar suas chances. Você se cansa, você desanima, você envelhece! Não é bem irônico que quando você consiga umas poucas pessoas que valem à pena compartilhar momentos com você, a vida faça uma troca filha-da-mãe, te deixando um bando de gente deprimente e levando quase todos seus amigos embora. A vida é uma droga... Você dá duro nesse trabalho e ela vêm e bagunça tudo. Eu não trocaria minhas três últimas ex-namoradas por todos os mergulhos nesse mar de xoxotas nas ruas toda noite. A verdade é que você praticamente achou todo mundo que era importante. O duro é aceitar que acabou mesmo. Amigos como os que temos nós queremos uma dúzia. Mas a vida não é uma porra de lanchonete de shopping em que você escolhe onde quer comer. O melhor do cardápio você já pediu. Se não quiser enjoar com a mesma coisa, é melhor cair de boca naquele prato que você fez olho-torto da primeira vez. É melhor aprender a gostar do pouco e torná-lo especial. O amor é um maldito veneno: prove uma vez, que ele não pára de te matar durante toda à vida. E eu amo todas as pessoas que marcaram ela. Apesar do estrago grande. Bem, eu estou me formando em breve, e nem todas elas estarão aqui comigo. Alguns irão vir, outros não. Alguns estão longe, outros virão de longe! Eu também vou comemorar com um bando de gente sem a mesma importância dos meus amigos. Mas, a festa não seria a mesma sem elas. Tudo me parece mais completo assim. A vida torna às pessoas medíocres, por que nada pode ser perfeito, como a gente queria. Estar bastante tempo com os meus amigos, foi a melhor época da minha vida. Depois do que vi, eu ficaria mais tempo namorando com as minhas ex-namoradas. Se alguém tivesse me dito... Erros foram cometidos. Corações foram partidos. Lições difíceis aprendidas. A minha vida, a sua vida. A vida tem o mesmo efeito nocivo para as pessoas inteligentes, as comuns e também as medíocres. Não importa sobre o que elas falem.
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