segunda-feira, 27 de abril de 2009

The Reader (O Leitor)


Vergonha. O sentimento pós-guerra do povo alemão ao regime nazista, que foi responsável pela perseguição e massacre de 6 milhões de pessoas. Como explicar que o apóio ao Holocausto foi uma decisão que em certo momento pareceu correta? A Alemanha viveu atormentada por um período de questionamentos frente sua decisão de consentir cegamente com o regime nazista que enviava milhares de pessoas à morte nos assombrosos campos de concentração. Passado esse período, existe uma clara tentativa de rapidamente levar aos tribunais os responsáveis, para recuperar a honra de um país que precisa provar às pessoas que essas atrocidades não serão repetidas no futuro e que o orgulho nacional será resgatado através de caminhos morais e mais humanos. É possível que uma pessoa suporte amar outra depois de ter sido inexplicavelmente abandonada e ainda descobrir anos mais tarde que a pessoa que amou é acusada da morte de 300 inocentes? É possível para alguém viver num país manchado pela vergonha de seus atos políticos e amar a pessoa que representa o passado abominável de toda esta estória? O abandono e as falhas morais podem ser vencidas pelo amor de outrora, ainda que esse amor nunca tenha sido apagado? Sim. Para todas as perguntas a mesma resposta: sim! É triste dizer que sim... e também seria dizer não. O motivo, tratado no filme, para este amor permanecer vivo e aprisionado mesmo diante destas tristes revelações é algo que escapa, às vezes nem é mesmo notado, mas que surpreende por se confundir com a própria tragédia cometida pelo povo alemão no Holocausto: uma omissão equívoca que provoca atos que não podem mais ser mudados e disso resulta uma insuportável vergonha. É uma amarga ironia - ainda que elegante - assistir o amor de um casal ser navegado por sentimentos "menos nobres", sendo que o sentimento que norteia esta relação se confunde com o próprio sentimento que o povo alemão experimenta na mesma época. É impressionante você construir um romance com essas condições e é exatamente o que ocorre nesta estória de amor: que não se mantém viva pela beleza tipicamente conhecida dessas estórias, mas, sim, pela incômoda vergonha decorrente da imaturidade (em diferentes sentidos) entre duas pessoas que em certo momento são colocadas em lados opostos da história política alemã e do regime nazista na segunda guerra.

Um comentário:

Anônimo disse...

Filme incríivel!! Fiz um post dele, um dos primeiros!!Beijos